Senhoras. Senhores.
Bom dia/tarde/noite para você que está me
lendo a qualquer momento. Aviso: não se assuste. Sim; voltamos a usar o mesmo
livro como corpo de análise, mas tenham fé: hoje o conto a ser analisado
será Rashomon, segundo, dos onze presentes no livro Kappa
e o Levante Imaginário, de Akutagawa Ryunosuke.
SIM; o kanji ali em cima é o
titulo do conto.
Portanto, SIM, aqueles ideogramas significam
“Rashomon”... Ao menos é assim que o autor escreve...
Portanto SIIM nós sabemos japonês! Aaaaaaaaae!
AÊÊê...
SQN! Sim, isso é só mais uma piada sem graça
de Emerson Borges isso sim! Sorriam por favor... Produção agradecerá...
A verdade é que não; eu não falo japonês!
Tsc...
Bom, vontade não me falta...
Faz parte de planos nossos...
Um dia; quem sabe, aprenderemos...
Mas, aqui; cá entre nós, na verdade o que
aconteceu foi que pedimos ajuda a nossas fontes misteriosas – hummmmm...
Ói nós! Chei’dos mistérios...
Quem sabe um dia?
Quem sabe um dia...
Divago...
Chega né? Caminhemos...
É repetitivo, mas prudente informar que o
livro foi publicado pela editora Estação Liberdade, no ano de 2010, e que,
tradução e prefácio ficaram sob a responsabilidade de Shintaro Hayashi.
Passados os primeiros reclames, ao breve mais
que breve resumo.
Despedida e encontro podem ser sinônimos! Sob
forte chuva está o portal de Rashomon. Sob o portal de Rashomon está um servo.
Que está sob constante reflexão. Está parado. E sozinho. Mas... Nem tanto...
Sim, por favor, acreditem: esse é um resumo
que entendemos como cabível a esse trabalho super interessante desse grande
escritor...
Vamos as nossas impressões...
Quando colocado sob o portão e sob a chuva;
ao lado de um servo anônimo, o leitor logo perceberá que a situação em que se
encontra, e os problemas que enfrenta e enfrentará este sujeito são e serão
muito mais do que sérios; trágicos.
Devastação sucedida na cidade Kyoto, vítima
de seguidas catástrofes, o sujeito anônimo reflete enquanto observa a chuva
cair, acompanhado, até então, somente de, vejam só: um grilo. Sim, um
insignificante grilo...
Depois do caos local o sujeito foi despedido
de seu senhor, e é aí que a narrativa corrige-se: está passando a chuva, mas,
quando passar, ainda assim, ele não terá para onde ir. O sujeito pensa, enfim,
“e se...”. E se abandonasse os valores dos tempos de empregado, e fizesse algo
irremediável e horrível – roubar – para sobreviver?
É durante esse instante de choque que ele se
levanta, já incomodado. Está frio. Sua túnica azul desbotada não o protege da
brisa. E ele agora está totalmente sozinho! O mero grilo já o deixou. Mas-pera
lá: é bom ter respeito com os animais; independente do tamanho e espécie.
Depois de intensa e apurada pesquisa – mentira! Googamos, rsrs... – vimos que,
no Japão, o grilo é um animal que simboliza sorte. Ou seja: esquece a
insignificância mencionada lá em cima. Logo, podemos entender que seu último
fragmento de sorte se afastou.
O azul, trazido através da túnica, no Japão
significa pureza, limpeza. E está se desbotando. Enquanto a hora do macaco –
entre as três e as cinco horas da tarde – está quase no fim. O macaco é um
animal que significa caminho feliz. Logo não precisa ser gênio para saber que
podemos constatar que seu bom caminho está afastando-se de si; e sua luz
também, a medida que a tarde já é quase noite.
Observa a degradação local: depredação
espacial, destroços de estátuas de deuses estão no chão; fezes de corvos, e
cadáveres amontoados estão a sua volta.
Em seu rosto nota-se o surgimento de uma
espinha. Seria um sinal de... Degradação; deformação do caráter? Vai saber...
É quando resolve marchar Rashomon a diante,
em busca de lugar para passar aquela noite ao menos. O mau cheiro incomoda, mas
só por um momento. Um instante e ele já faz parte do ambiente fétido sem nenhum
problema. Avança; avança; e... Ponto! Para! Uma luz! Uma chama! Alguém! Alguém
no local... Uma velha.
Uma velha? Roubando um cadáver? Ah ma-que
falta de vergonha! Ela merece uma punição! Onde está o caráter? Mão na espada!
Conflito!
Estão face a face...
A velha merece ser punida...
Mas antes, um questionamento. Um instante de
conversa; de diálogo. Ação reação solução. E fim do conflito. Fim do drama? Fim
da trama? Fim da briga? Fim da vida? Talvez... A espinha está pustulenta...
Querem uma pista? Sempre bom ouvir os mais
velhos...
Pra que grilo se ele está no sétimo degrau?
Sim! No Japão o número sete significa...
Então...
Sem horas; sem oras...
Fica então aqui, a dica de leitura de mais um
conto escrito, em nível de excelência – Aah puxo saco mesmo; o curtinho, porém
emocionante Rashomon, conto que inspirou o também brilhante
(evitemos comparações) filme de mesmo nome.
Daí voltemos; ao dito no início: despedida e
encontro podem ser sinônimos. Ao menos no conto, sim. Afinal, o personagem
principal, o servo anônimo foi despedido, afastou de seu chefe e companheiros,
e parou no Rashomon, sozinho, onde, encurralado pela forte chuva, foi obrigado
a refletir, e encontrar-se consigo mesmo.
Interessante para nós nos atermos ao momento
em que o servo percebe que está inegavelmente acossado, tanto fisicamente, pela
forte chuva que cai sobre o portal; quanto psicologicamente pelo sentimento de
angústia avassalador, no momento em que, inegavelmente, é forçado a seguir em
frente; a entender que terá de recorrer a algo não próprio de sua conduta:
roubar. Instante de maior drama e tensão particular da trama.
Ao encontrar-se com a velha, novo e profundo
conflito, interno e externo, se estabelece; até dar a sentença final ao caso; e
retirar-se do Rashomon, entregando-se mais uma vez à companhia da solidão.
E que solução final...
Caramba...
Tudo isso em, pasmem, oito paginas.
Hum...
Senhores; apresento-lhes: Akutagawa
Ryunosuke...
O que acontece no final?
Ah num-conto!
Ma-num-conto mesmo!
Ma-nu-conto você vê...
Rsrs...
Uma dica interessante sobre o final: é sempre
bom ouvir os mais velhos.
Então...
Pense bem nisso...
Só não vá ficar grilado.
Ou melhor; fique!
No Japão te que é bão...
Rsrsrsrsr
Se Orientem...
Kkkkkk
Atenciosamente;
Emerson.