Senhoras. Senhores.
O Mulato é uma obra de Aluísio de Azevedo, escrita em 1881. Sobre o
livro que nos chegou às mãos, da Editora Escala; série Coleção Grandes
Mestres da Literatura Brasileira, o melhor mesmo é não entrar em
pormenores! Várias queixas! Váaaaarias queixas! Várias! Melhor não falar. A
etiqueta não nos permite. Vamos nos poupar em falar; melhor, vamos mesmo é nos
omitir e não proferir os adjetivos que realmente cremos ser de direito descer
sobre esse material...
O modo de impressão, tipo
de papel etc. Podemos perceber no livro falhas na acentuação; aspas que se
abrem e não se fecham, e vice-versa. Uma beleza, para não dizer o contrário. O
segundo parágrafo do texto que resume o livro é iniciado com letra minúscula!
Calculem...
Pior: o Dom
Casmurro que temos aqui, para reler, é da mesma editora. Sobre a
expectativa? Frio na espinha a vista! Em preparo psicológico antecipado...
Oremos; oremos...
Olha; vocês deixem minha
língua quieta!
O blog é novo; vamos
evitar polêmicas... Breve resumo...
Manoel da pescada recebe
Raimundo, filho de seu irmão, José da Silva, para tratar de negócios mal
resolvidos do passado. Desde o início, a chegada do rapaz é mal vista, tanto
pelo tio que o irá receber, quanto por mais alguém, que não interessa quem.
Com o desenrolar dos
fatos, Ana rosa e Raimundo, para surpresa de alguns, não dos fofoqueiros de
plantão; apaixonam-se. A mão da moça chega a ser pedida ao pai da menina, mas é
“gentilmente” negada!
Contudo, como todo belo
par romântico que se preza, Raimundo e Ana Rosa insistem em casarem-se e serem
felizes para sempre, e seguem em frente, garimpando em busca do comum final
romantismo style, mesmo que para isso tenham que enfrentar a Deus e o mundo.
Nossas impressões.
Ao ler O Mulato de
Aluísio de Azevedo, podemos nos perceber dentro de uma narrativa bem semelhante
a do Cortiço. Não é de se surpreender: o Realismo era
uma escola literária que tinha como uma das suas características mais marcantes
primar pelo distanciamento das personagens em sua narrativa, e tentar em sua
descrição, expor as pessoas como elas são, individual e coletivamente. Logo,
desde crítica social, anti-clericalismo, preconceito racial; social, não
idealização da mulher (graças a Deus), e o triunfo do – possível – mal sobre o
bem; tudo lá estará. Como as fofocas se propagam em determinada região. Vixi
tomamos um susto: nunca vi; a Maranhão é tão Salvador meu Deus...
O negro que não se percebe
como negro; e que deseja mal a outro negro. Nota-se isso claramente na trama
quando um mulato sorri ao saber do rechaço que Raimundo sofre, e dá o seu
veredicto: “bem feito! Bem feito!... vociferava um mulato
pálido, de carapinha rente, bem vestido e com um grande e brilhante dedo. É
muito bem feito, para não consentirem que estes negros se metam conosco”.
(pág. 187).
O problema mesmo está não
na narrativa em si, mas em como a mesma se desenrola. O início do livro já é um
tantinho enfadonho. No meio há um entrave. Fluidez? Somente nas segundas
metades do livro.
Entendeu?
Não?
Explicamos...
Seguinte divida o livro em
duas partes. Dividiu? Ok. Temos agora, separadamente, duas partes de cinqüenta
por cento do romance, a inicial e a final. Ok...
Nos dois segundos vinte e
cinco por cento a coisa vai correr muito bem, ou seja, as segundas partes,
tanto da primeira quanto da segunda metade do livro; é ali que está o que há de
bom na obra, o que há de aproveitável. De resto, é passar. Aaah...
Querem um conselho; de
amigo mesmo? Sobrevivam à maldita festa de São João. É como uma dor de barriga
noturna: o tempo passa mais lentamente; tudo dói; tudo incomoda. Mas
ultrapasse, sobreviva; depois melhora. E se perdoa também. Afinal, depois o espetáculo junino enfadonho se revela de alguma utilidade prática
para a narrativa, na questão do personagem principal em seu processo de autodescoberta.
Acerca de como se dá a
relação do casal na trama achamos bem positiva. Deus do céu, a mulher é um ser
humano como o homem, por que não uma iniciativa? Muito bem, ótimo! Pontuamos
como interessante... Mas pouco se tem a dizer algo relacionado ao casal em si.
Há pouca rasgação de seda. Esse é o lado bom do Realismo: a lenga-lenga fica de
lado.
Mas, se temos que tirar o
chapéu para o escritor em alguma categoria que seja na da “criação de
personagem”. Temos, em “O Mulato”; ninguém menos que Dom Diogo
– “alguém que não interessa quem” – o padre, posteriormente promovido a cônego,
que faz e acontece, desfila vontades, maldades, e latim durante todo
transcorrer da trama.
Há grande positividade,
afirmamos, na ousadia de Aluísio de Azevedo, e esta qualidade que o coloca
frente de seu tempo. Em nosso ponto de vista, a ousadia de trazer para ao
público, em 1881, um vilão, cônego, é um gesto a se fazer honrarias. Cônego,
desonesto, infiel ao celibato; adúltero; assassino; racista, conspirador, e
traficante de influencias? Valeu Mestre Aluísio...
Se hoje uma crítica à
igreja ainda causa grande polêmica, e rende problemas a quem a propaga, imagina
naquela época? O que a igreja católica não deve ter desejado, em nome de Deus,
ao escritor maranhense, que segundo rumores, inaugura o Realismo no Brasil?
Ponto para ele...
A cena de manipulação
sobre Dias, o fantoche, quando o clérigo deseja usá-lo para atingir seu grande
intento é a parte mais linda da trama. “Vamos, meu amigo, não seja mau,
salve aquela ovelha inocente das voragens da prostituição! Salve-a em nome da
igreja! Em nome do bem! Em nome da moral!”. E continua: “Então
avie-se! Está a fugir a única ocasião que Deus lhe faculta!”. Bem pesado...
E bem bom...
Para que-que servem os
padrinhos afinal de contas? Para agir como pai na ausência dos mesmos. Se
Manoel da Pescada não deu jeito; Dom Diogo resolve... E os anjos dizem amém...
Em ralação ao final – e
estamos tentando evitar soltar algo aqui – nos posicionamos a trazer um
questionamento: por que mal? Por que bem? Por quê? É realismo! São pessoas, que
estão de determinados lados, e que defendem seus interesses. Realismo é isso...
Distanciamento da escolha de um dos lados da trama. Bem, mal não existem! Bem
mal prudente é quem tenta atribuir valores românticos aos traços narrativos
dessa escola literária...
E se bem formos observar o
final de forma mais tolerante, o livro, considerado primeiro da escola
realista, também pode ser considerado um dos últimos românticos. Afinal, há o
tradicional “eles casam-se e são felizes para sempre”. Um final que agrada ao meio
social...
Ana Rosa, passados quatro
anos, engorda e é mãe de três filhinhos, “mas ainda estava boa, bem
torneada, com a pele limpa, e a carne esperta”. Ah ma-que narrador
mais'afadhÊnho! Batemos palmas para ele! Realismo é o que há...
Então, fica por aqui a
nossa análise comentada de “O Mulato”; de Aluísio de Azevedo. Uma
narrativa um tanto quanto amarrada em alguns momentos. Técnica que irá o seu
ponto mais alto com sua maior obra, em 1890.
Seis e meio a nota. Dom
Diogo é um personagem que salva a lavoura, mas não faz milagre. O livro é
mediano.
Portanto, recomendamos,
sim; mas com duas condições: para quem gosta do autor; do estilo realista.
Observação: há que se ter
algum nível de tolerância e compreensão de que, tanto o autor quanto o estilo
realista está ainda em suas primeiras aventuras literárias em terras
tupiniquins.
Há que se gostar também de
Dom Diogo. É quem salva a trama prematura.
Mas tenhamos paciência.
Como coletaríamos um bom fruto duma arvore sem raiz? As coisas precisam ser
iniciadas; para, posteriormente, evoluir...
Então, paciência...
Precisamos ser
tolerantes...
Sim, precisamos ser
tolerantes, mas com a narrativa, e com o autor. Ponto. O mesmo não vale, porém,
para a edição do livro, que está realmente sofrível!
Gente; não é falando não,
mas há momentos que o trabalho parece ter sido feito... Há problemas graves de
pontuação, de acentuação.
Uma pena esse livro ter
que figurar por 24 horas no mural do blog pow... Mas, regras são feitas para
serem seguidas...
Realmente eu acredito que
um trabalho daquele tem mais é qu–Opa! Vamos parar por aqui? O blog é novo...
Vamos evitar polêmica, e
bla-bla-bla.
Até...
Atenciosamente,
Emerson.
Ah: já íamos esquecendo:
aviso aos navegantes: para quem gosta de ser chamado de mulato; mulata.
Cuidado! O termo deriva da
idéia de um animal, a mula; que nada mais é do que uma mistura, um híbrido; um
derivado que se obtém através do cruzamento feito entre jumento e égua. Vale
salientar que a mula é um ser estéril por natureza.
O nosso tão lindo e harmônico
Brasil sempre-sempre passou por período de política de branqueamento, onde o
apoio ao casamento era dado somente a pessoas brancas, tal como no livro
comentado. Casamento? Filhos? Somente do homem branco com a mulher branca.
Portanto a mulata – mulher
negra fruto já do estupro do homem branco sobre a mulher negra – tinha nessa
sociedade apenas essa função: a de oferecer sexo ao homem branco. E nada mais.
Casamento? Filhos? não! Com uma mulata não; com uma híbrida não própria para a
reprodução não!
Portanto podemos crer que
há que se desconfiar das boas intenções de quem lhe olha, lhe sorri
cordialmente, e lhe chama – e achando que está fazendo um grande favor em lhe
chamar – de mulata; morena linda.
Será que isso acontece em
dias atuais? Dá uma olhada nos comentários do carnaval da Globo, e tira duas
dúvidas. Teve gente que falou que no desfile de determinada escola de samba
tínhamos “um navio negreiro ideal: um navio negreiro sem sofrimento”! Uma
delícia! Por uma questão de ética não vamos falar o nome da pessoa nem que a
vaca tussa – Fátima Bernardes. Além do que; o blog é novo; vamos evitar
polêmicas.
Aí vem a pergunta que não
quer calar?
E o mulato, o homem negro
fruto do estupro do homem branco sobre a mulher negra, para que servia?
Ora ma-isso é muito
simples: aí você pega a palavra “MULATO”, tira as leras “U” e “L”, que você
terá “MATO”.
Depois é só colocar a
palavra “CAPITÃO” na frente, pronto. Está feita a mágica somática. Capitão do
mato era o que os mulatos eram.
Capitães do Mato era o que
eram. Flagra-se no livro um mulato que fala mal de outro, chamando-o inclusive
de “negro” para reduzi-lo mais ainda, como bem pontuamos aqui em nossa análise
medíocre.
Ma-vamo fazer o seguinte?
Vamos parar por aqui?
É que o blog é novo.
Devemos evitar...
Até a próxima postagem...
Assim sendo; até a próxima!
Meus morenos lindos.
Mas será que isso acontece
aqui, ainda, em dias atuais?
Será que o Brasil é um
país ainda racista?
Há ainda quem não queira
admitir sua negritude?
Não sei, mas faça o teste
você mesmo: pergunte ao Neymar.
Ou ao Ronaldo Fenômeno!
Aposto que eles, mesmo não
sendo negros, são estritamente contra essa prática odiosa.
Rsrs...
E que se foda o mundo; não
me chamo Raimundo!
Kkkkkkkkkk
Crônica, dia 25...
Kkkkkkkkkkk adoreiiiiiiiii
ResponderExcluirWOOpa!
ExcluirObrigado Patrícia.
Parece que começamos bem...
Até a próxima.
Maravilhosa sua colocação, seu ponto de vista vai muito além do que eu consegui interpretar ao ler o livro.
ResponderExcluirEu aprecio o Realismo, tenho me ausentado da literatura ultimamente, mas a literatura Realista é que mais me atrai.
WOpaaaaa!
ExcluirTemos aqui, mais alguém que curtiu...
Vão aparecer aqui, mais análises de textos realistas; esteja conosco, por favor, e confira!
Atenciosamnete; Emerson.
Rpz... Eu leria sua análise até se ela tivesse 50.000 páginas. Gostei muito. Escrita gostosa da p*
ResponderExcluirWoopa, minha querida Soraya...
ResponderExcluirSoraya Brito.
Que mais eu posso lhe dizer?
Obrigadaço, fico muito feliz com a motivação que vocês dedicam a mim, juntamente com a confiança...
Continuarei, sim...