quinta-feira, 11 de maio de 2017

Tensão; Alcatraz...


 Senhoras. Senhores.

Bom dia/tarde/noite, a depender do momento que lês meu texto.
Tudo bem? Conosco tudo bem. Hoje estamos aqui para apresentar pequeno fragmento da série duetos Facção Central.

Iremos nós, hoje, aqui, tentar fazer uma coisa um pouco diferente: analisar duas letras de dois Raps, simultaneamente.

Será que conseguiremos?
Vejamos...
Vem conosco e observa...

Vamos nos inspirar nos dizeres da letra do grupo Titãs: “é caminhando que se faz o caminho”.

Então, sem mais, caminhemos...

Aqui, hoje apresentaremos, analisaremos brevemente e aproximaremos as letras de duas músicas: Tensão, e Alcatraz, presentes, respectivamente, nos discos A Marcha Fúnebre Prossegue, e o Direto do Campo de Extermínio.

Vamos lá...

Ah: avisamos, de antemão, que aqui será seguida a ordem cronológica em nossas análises.

Depois falaremos o porquê de se chamar atenção para isso.
Ok?
Ok...

Então vamos lá...
Tensão no ar...

Essa é a letra da nona música do terceiro álbum do grupo. Em nossa mais que humilde opinião trata-se de uma criação bastante inovadora, importante, e interessante para o mundo do Rap.

Por quê?
Muito simples: o que é feito aqui por Eduardo, ou o locutor do inferno, foi algo até então nunca visto.

Nunca foi observado; por nós, em lugar nenhum do rap a idéia de se fazer uma música, com a idéia de promover o encontro; a aproximação, e a representação vocal, tanto do agressor, um seqüestrador; quanto o da sua vítima, um homem rico.

Ao menos; nós, nós nunca tínhamos ouvido, no mundo do RAP, uma música que fosse feita dessa forma.

No geral o que acontecia era a voz do seqüestrador, sempre imaginando o que sua vítima faz e pensa o que limitava o conflito do encontro desses dois sujeitos de esferas sociais diferentes.

Nessa letra é dada uma voz, uma condição de utente autônomo a esse cidadão, vivido na voz do parceiro Dum-Dum, tendo espaço para suas próprias reflexões.

Muito interessante...
É realmente uma tensão...
Se de um lado temos a idéia consciente de alguém que parece saber ter parcela de culpa na criação do próprio agressor, que te põe a vida por um fio; do outro temos o agressor, que pondera ser ou não lucrativo dar ou não um final dramático a esse encontro.

Querem uma palhinha?

Vamos de refrão então...

O Clima é tenso, a chance é muito pouca;
Vou terminar o dia com um tiro na boca.”

“Sente o ódio do diabo que você ajudou a criar;
Agora, dono do jato, é muito tarde pra chorar!”

Super recomendada...

E fim da parte um...

Aí o tempo passa e o grupo volta no tempo.
Daí o desafio: como seria, então, a infância desses dois rapazes, inimigos desconhecidos, predador e presa, na idade adulta?

Quem são eles, quando pequenos?
O que será que fazem?
Como vivem?

E é exatamente a partir dessa confluência de perguntas coerentes, e motivadoras, que surge a sétima música do “Direto do Campo de Extermínio”; Alcatraz.

Repetindo a fórmula de sucesso no disco anterior, o grupo repete a dose e dá voz às duas faces da moeda.

Daí, ouvimos a narrativa de um menino, rico, na voz de Eduardo. Estranhamente esse garoto é consciente, e questiona-se por que viver em estado de cerceamento, e fechamento, reclusão.

Do outro lado da questão, temos a voz do garoto pobre, que passeia por entre cadáveres na favela; e que teve em um frango assado o seu “melhor almoço. Esmola do padeiro pra eu não olhar pro seu forno.”.

O que se pode entender é que, claramente, nos serve de munição a idéia de que são essas prisões; é esse isolamento sistemático a causa de um resultado trágico, colhida futuramente.

Não à toa a música termina com a afirmação de que “tem um muro de lagrima entre o pobre e boy: do lado dourado cresce a vítima; do vermelho seu algoz”.

Quer mais o quê?

Finalizamos afirmando que as duas músicas são compostas e subordinadas a o que chamamos de técnica da justaposição.

É a técnica na qual a música é dividida de forma justa; seguindo-se com uma estrofe e meia sendo cantada por cada um dos membros do grupo; sem intenção de sobreposição de um integrante a outro. Sol nasce, e brilha, para todos...

Não precisamos dizer que super-recomendamos.

Ou precisamos?

Super-recomendamos, “Tensão” e “Alcatraz”, Facção Central.

Ah: avisamos que íamos seguir a cronologia, por que se optássemos por analisar as crianças para depois os adultos iríamos nos atrapalhar, e sair da ordem dos discos, que, aliás, foi um desafio imposto a nós por nós mesmos.

Desta forma, o leitor mais desavisado fica sabendo a seqüência correta de lançamentos do grupo, enquanto observa as análises de duas músicas, em um só texto.

Essas letras se completam. Fecha-se o símbolo do infinito se a analisarmos lado a lado...

Deixamos como tirinha de experimento, para os senhores, bem oportunamente os refrões.

Eduardo:

“Sonho com a carta de alforria da minha Alcatraz de ouro;
Com a paz,
Sem vigia, nem muro de tijolo.  [duas vezes]

Dum-Dum:

“Sonho com a minha carta de alforria da minha Alcaraz de compensado;
Com a paz,
Sem revolver, nem refém torturado.  [duas vezes]

Isso é sintoma...

Té o próximo encontro meu povo...


Atenciosamente;

Emerson.

Uh-Facçã-ão, Uh-Facçã-ão...



5 comentários:

  1. Links para ouvir.

    1- Tensão:
    https://www.youtube.com/watch?v=HshV_JyqA5A

    2- Alcatraz:
    https://www.youtube.com/watch?v=RnTFnY1WiyI

    Ouçam.
    Comentem.
    Grato a todos...

    Emerson.

    ResponderExcluir
  2. Respostas
    1. Woopa!

      Pensei que ia rolar uma crítica mais extensa...
      Mas ok...
      Gracias...
      Tenha um excelente dia...
      Até a próxima...

      Excluir
  3. Mas ae foi pq eu ainda tinho lido por completo,mas as duas letra realmente se completam assim como ,Menino do morro e o Rei da montanha. mas realmente está de mil grau essa análise gostei muito

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu meu querido...
      Muito obrigado...
      A gente se vê, por aê...

      Excluir